Falar da memória dos Colegas do Atheneu Sergipense é recordar momentos e pessoas especiais. É olhar para o passado com a saudade de um tempo honroso em que mestres eram respeitados por seus feitos em sala de aula e pelo amor a arte de lecionar.
Em uma entrevista recheada de alegria e emoção conversamos com os professores Caetano Almeida Quaranta, 85 anos e Liomar de Almeida Oliveira Quaranta, 79 anos. A professora que mesmo após 48 anos distante das salas de aula, ainda lembra nome e sobrenome da maioria de seus alunos e fala com saudades dos anos áureos no Colégio Estadual Atheneu Sergipense.
“Lembro de muitos ex-alunos ainda e de muitas histórias, às vezes eu encontro com alguns e sou eu que os identifico. Lecionei no Atheneu durante 10 anos, entrei para substituir um excelente professor que era o Drº Lucilo da Costa Pinto, que tinha muitas ocupações por também ser médico e por isso, precisava faltar as aulas e o colégio era referência e naquela época, a Gazeta de Sergipe começou a noticiar a falta de professor todos os dias e como ele era um jornal muito respeitado, para resolver esse problema e suprir essas faltas eu comecei a trabalhar lá. Inicialmente como substituta, mas depois fui contratada, tanto eu quanto Caetano tínhamos dez turmas cada um por ano e os nossos professores, a disciplina que aplicávamos e o colégio como um todo era referência no ensino em Sergipe”, destaca.
Questionada sobre como era lecionar no Atheneu a ex-professora, com Voz emocionada relata que era honroso e razão de orgulho ter feito parte dessa história.
“Ensinar no Atheneu, primeiro era uma honra. Um colégio de tradição, renomado, respeitado que apesar de abrigar alunos de diferentes condições sociais, conseguiu se fazer muito bem representado através dos seus alunos, tanto que a maioria deles progrediu muito bem nas carreiras que escolheram e além disso, ali era um ambiente muito agradável, muito especial. Um intervalo na sala dos professores era uma coisa extraordinária, era uma troca de conhecimento e vivência de mundo. Havia muita disciplina, muito respeito aos professores, aos funcionários, os alunos respeitavam muito a todos, diferente dos dias de hoje”, pontua.
Os professores que estavam presentes em momentos importantes das transições que viveu o colégio entre os anos de 1959 e 1970 contam fatos que marcam essa história e que também marcaram suas vidas.
“Das muitas histórias que temos no colégio, lembro com muita clareza das disputas esportivas que havia entre o Atheneu que era um colégio público e o Tobias Barreto um famoso colégio particular da época, que tinha muito prestígio no esporte, diferente da gente que não tinha tanto. Mas, eu e o Caetano nos empenhamos em mostrar que o nosso colégio podia disputar de igual para igual e então com união e muita ajuda nós refizemos uniformes e motivamos os meninos a participar das competições”, recorda.
T.E.C.E.S. Teatro de Estudantes do Colégio Estadual de Sergipe
Amante da arte do teatro, por ter vivido a experiência da atuação durante o período de estudos em Ouro Preto/MG o professor Caetano Quaranta fundou dentro do Colégio, em 1961 o T.E.C.E.S “Teatro de Estudantes do Colégio Estadual de Sergipe” com muito bom humor e a nitidez da sua memória aos 85 anos de idade, ele nos conta sobre a fundação do teatro e episódios vivenciados.
“Lá em Minas me chamaram para fazer uma peça e eu gostei, quando eu cheguei aqui reuni alguns elementos e fundei o grupo e juntos nós apresentamos muitas peças como o Auto da compadecida de Ariano Suassuna, Minha Sogra é da Polícia, e muitas outras, no T.E.C.E.S. eu era o fundador, o diretor, o maquiador e ainda atuava. Em uma das apresentações do clássico Auto da Compadecida, aconteceu algo inusitado, a gente usava ovo com tinta para simular o sangramento em uma cena que um dos personagens leva uma facada, então eu lembro que na hora dessa cena, certa vez o menino que estava interpretando virou pra mim e disse que ovo tinha caído, lembro claramente do desespero dele dizendo que não estava com o sangue e foi um auê, no final a gente resolveu sem o público perceber, mas às vezes a gente tinha uns perrengues mesmo. Mas foi uma época maravilhosa das nossas vidas”, conta entre risos.
Confira os registros guardados pelo ex-integrante do T.E.C.E.S e ex-aluno do Atheneu, João Bosco Santana de Morais, atualmente desembargador aposentado.