Por João Quintino de Moura Filho

João Quintino de Moura Filho. Foto: Jadilson Simões

Antes de falar sobre o Atheneu Sergipense é importante registrar a importância da Escola Santa Joana d’Arc, que foi a minha base para o Exame de Admissão. Funcionou durante 30 anos, de 1951 a 1981, na Av. Augusto Maynard. Apesar de ser uma escola particular, seus proprietários Professora Cledeilda Couto Luduvice (D. Dezinha) e seu esposo, Hamilton Luduvice, administravam como um sacerdócio. Lá, no período de 1963 a 1967, foi construída a minha base (cursos infantil e primário) para o exame de admissão no curso ginasial do Atheneu. À D. Dezinha e às professoras Margarida Espinheira e Nilza Rodrigues a minha eterna gratidão pelas inesquecíveis lições.

Estudar no Atheneu Sergipense sempre foi o sonho de muitos sergipanos. E porque o Atheneu foi importante pra mim? Primeiro porque ele é uma instituição de ensino pública. E pelo fato ser pública, é que eu tive o privilégio e a honra de ser seu aluno. Ele ofereceu condições para o filho de um humilde motorista ter uma instrução de excelente qualidade.

Depois de me submeter a um rigoroso Exame de Admissão no final do ano de 1967, obtive uma das grandes alegrias de minha vida: Passar no Exame de Admissão e vestir a farda do Atheneu. Estudei lá dos 12 aos 18 anos. O período mais marcante da vida de todo ser humano, que é a adolescência.

Fui aluno durante sete anos (quatro de Ginásio e três de Científico), de 1968 a 1974. Costumo dizer que o Atheneu é muito mais do que uma construção de pedra, cimento, areia, etc. Ele é uma construção de valores e princípios. O colégio contribuiu efetivamente para a construção da minha formação acadêmica, de cidadão, de profissional e para a minha visão de mundo.

O Atheneu foi a base para minha aprovação no concorrido vestibular da UFS para o curso de Ciências Econômicas, em 1975. Tive a felicidade de estudar com notáveis professores.   Destaco os nomes de: Carmelita Pinto Fontes, de Português e de Literatura; Maria da Glória Monteiro, de Geografia; Glorita Portugal, de Francês, e que também foi Diretora (esta dispensa comentários, era elegante em todos os aspectos); Wellington Menezes, Matemática; Lucila Moraes, de Francês, entre tantos outros igualmente notáveis. Tenho muito orgulho de ter sido um dos seus alunos e sou grato pelas inesquecíveis lições que aprendi.

Registro também, a importância para a minha formação, recebida dos Inspetores e Chefes de Disciplina, Manezinho e Valdice, Alexandre Bia, Nilson Barros e outros.

Lembranças, vivências e envolvimentos

Não fiquei limitado somente aos estudos. Envolvi-me também com as atividades sociais, esportivas e culturais; fiz parte da Banda Marcial, tocando a corneta (em desfiles de Sete de Setembro, na Av. Barão de Maruim, na capital Aracaju, e nos interiores do Estado de Sergipe).

Guardo agradáveis e doces recordações. Participei como atleta (goleiro) dos torneios internos (entre salas) de Futebol de Salão, organizados pelo chefe de disciplina Manezinho. Em 1973, minha turma do segundo ano Científico, sob o comando do colega e craque Carlos César, foi campeã do torneio. Sob a orientação do professor Feola, participei da equipe de atletismo dos Jogos Estudantis de 1970, em comemoração ao centenário do Atheneu.

Reencontro com ex-colegas, ex-professores e ex-funcionários do Atheneu sergipense

O Atheneu é também uma construção de amigos. Durante os sete anos como aluno, fui colega de sala de uns 230. Eles fazem parte da minha vida. Para satisfazer o meu espírito saudosista e responder às perguntas: Onde andam? O que fazem? Quem foram meus ex colegas do Atheneu? vinte e seis anos depois que sai do Atheneu, idealizei e realizamos o primeiro reencontro, no ano de 2000.

A ideia do reencontro foi uma forma que encontrei para manter viva a memória e a importância do Atheneu e afirmar que:  Saí do Atheneu, mas ele não saiu de mim.  O nosso evento se consagrou e já realizamos 21 confraternizações. Eu digo sempre que o primeiro sábado de dezembro, o dia da nossa confraternização, é um dia mágico. Não dá para descrever com palavras o que o coração sente. Só participando para sentir. Principalmente, observar a emoção dos professores ao se reencontrarem com seus ex-alunos. Os nossos reencontros anuais serviram também para reforçaram ainda mais os laços de amizade.

É no coração do homem que reside a mais sublime das virtudes: a gratidão. E para a gratidão só existe uma palavra: Obrigado, Atheneu Sergipense. Sinto-me orgulhoso, privilegiado e lisonjeado em fazer parte da história do Sesquicentenário do maior e melhor colégio público de Sergipe: O Atheneu Sergipense.  “Na beleza dos frutos, existe sempre o trabalho silencioso das raízes”, o Atheneu foi uma das principais raízes, assim como os componentes da minha família foram as principais raízes do sistema que me nutriu e ajudou a me sustentar como cidadão sergipano.

Quem sou eu?

Sou filho de João Quintino de Moura, motorista aposentado do Ministério da Agricultura e de Maria Barreto Moura. Sou primogênito de seis irmãos. Nasci em 07.08.1956, em Aracaju (Parque da Sementeira). Durante 44 anos (1975-2019) tive a honra de ter sido empregado público da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária-EMBRAPA. Graduei-me em Ciências Econômicas, pela UFS. Em 1980 casei com Maria Ester Gonçalves Moura, também ex-funcionária da EMBRAPA. Desse matrimônio nasceram Aline Gonçalves Moura, Arquiteta; Graziela Gonçalves Moura, Pedagoga; e João Paulo Gonçalves Moura, Médico Veterinário. Tenho cinco netos: João Rafael, Mariana, Marcelo, Beatriz e Ana Paula.