Entre os anos de 1967 a 1973, vivi uma das fases mais marcantes da minha vida: fui aluno do tradicional Colégio Atheneu, em Aracaju/SE. Aquelas salas, corredores e pátios não eram apenas espaços escolares, eram cenários vivos onde se construíam amizades sinceras, sonhos ousados e os alicerces do que viríamos a ser como cidadãos. Morava na época na Atalaia, e após as aulas ia para casa de “BIGÚ” com outros colegas dentre eles, João Quintino, figura carismática e parceiro de travessuras, (quando pego de surpresa), ele já era conhecido pela sua habilidade de agregar pessoas e, tempos depois, viria a ser justamente o responsável por idealizar e organizar o Encontro de Ex-Alunos do Atheneu. Após concluir o ensino médio, mergulhei nos estudos da Medicina e em 1979, retornei a Salvador/BA, para construir a minha trajetória profissional.

Mas foi apenas em 2008 que soube, por uma colega de faculdade, sobre o Encontro Anual de Ex-Alunos do Atheneu, sempre realizado no primeiro sábado de dezembro. Senti um chamado imediato do coração. Fui, claro, acompanhado do meu irmão Marco Aurélio, que, além de companheiro de jornada, me serve como “memória visual externa” , já que eu sou um desastre para reconhecer rostos de longas datas! Ao pisar novamente no Atheneu, após 35 anos, fui tomado por uma onda de emoções. Era como entrar num túnel do tempo, os cheiros, os sons, as vozes, tudo parecia pulsar com lembranças de um tempo simples, mas profundamente significativo. Aquela primeira participação me marcou profundamente. Desde então, não faltei a nenhum encontro. A única frustração que tive foi naquela edição de 2008: cheguei tarde demais e perdi o desfile da nossa lendária banda marcial. No ano seguinte, tratei de chegar cedo. E mesmo assim, algo me incomodou: quem se apresentou foi uma fanfarra não era a nossa banda. Fiz meu protesto com carinho, mas com firmeza. Para minha alegria, essa pendência foi resolvida com maestria graças a Jorge Guerreiro, que convocou todos os antigos integrantes da banda marcial para formarmos novamente aquela tropa de sons, tambores e lembranças. Participar daquele primeiro desfile foi um dos momentos mais emocionantes da minha vida adulta. Ao final, fui tomado por uma emoção tamanha que precisei me recolher num cantinho e chorar. Chorar de alegria, de saudade, de gratidão. P

articipar do Encontro de Ex-Alunos do Atheneu se tornou, para mim, mais do que um compromisso: é uma necessidade emocional, um reencontro com a minha melhor versão, com minha juventude, com amigos que deixaram marcas profundas na minha história. É uma renovação da alma a cada abraço reencontrado, a cada história recontada, a cada passo dado pelos corredores daquele prédio que me ensinou tanto. Sou imensamente grato por ter sido aluno do Atheneu. Ali aprendi não só cultura, mas a conviver, a respeitar, a sonhar grande. Ali começou, sem que eu soubesse, a minha caminhada como ser humano, como cidadão. E hoje, quando volto anualmente para reviver tudo isso, me sinto privilegiado por ter pertencido a algo tão grandioso. 

 

“Ser Atheneísta é carregar no peito uma saudade boa e uma memória viva” 

Raymundo Leal Jr.