Por Rubens Cláudio Silva

Rubens Silva. Foto: arquivo pessoal
Rubens Silva. Foto: arquivo pessoal

Meus colegas do eterno Atheneu,

Nosso criador da festa anual do Atheneu, João Quintino, lembrou-me que no dia seguinte à minha primeira festa, a quinta edição, em 2003, recebeu de mim um e-mail (naquele tempo essa era a maior modernidade de rede social) onde eu lhe dizia “Quintino, ainda estou embriagado de emoções pela festa…” kkk

Passam-se muitos anos, chegamos na 22ª festa e hoje torno a dizer, reproduzindo o que sempre se passou nos anos seguintes àquela 5ª festa: sempre permaneço nos dias seguintes embriagado pelas emoções da confraternização. Não tem como não ser assim, é biológico. Hoje é a segunda feira, bem cedo. Permaneço curtindo essa prática de revival, que chamo de preces. Dias de relaxamento, na reflexão de quão feliz, privilegiado, honrado eu sou por fazer parte desse encontro! Ontem foi dia de ficar morgado, ressacado, extenuado pelo extravasamento nas danças. Esgotado de não ficar parado durante a festa. Cansado pela adrenalina e batimento forte do coração nos inúmeros momentos de reencontros, abraços, brincadeiras e recordações junto aos ex-colegas, permanentes amigos. E ontem, domingo, tive compromissos familiares e religioso, mas foi dia de resenhar como foi a festa, na minha memória.

Reproduzir na mente os colegas que abracei, beijei, os risos, conversas e também o choro (é impressionante, todo ano tem isso). Todo ano tem colegas que estão desaparecidos dos meus encontros. Tem colegas que vão pela primeira vez ou que estavam sumidos da festa. Tem os que viajam de muito longe, de outros Estados, pra comparecer! Há também uma verdade que todos sabemos: vai gente convidada, que não estudou no Atheneu, mas não perde essa festa, porque é o máximo! Nesse ano, conheci simpáticas pessoas nessa vibe que pareciam ex-alunos, tamanha a empolgação, o deslumbramento e testemunhos de que nunca viram escola com tamanho amor entre seus ex-alunos.

Tem os muito brincalhões e os recatados. As meninas que esteticamente permanecem lindas e as lindas de outrora que o tempo destratou, mas não removeu o amor e candura do interior. Os caras que ficaram sem cabelo ou grisalhos (kkk, não estou nessa, trago só uma coroinha careca atrás). Os gordos, os barrigudos como eu (ai, ai) e os que se acham ainda nos trinques. Os feios ficam bonitos, os pobres estão ricos, os chatos viram simpáticos, os tristes se transformam… Tem os que dançam do começo ao fim, os que conversam segurando um copo até o final, os que zanzam, os cordiais, os paqueradores (ainda).

Nessa festa nunca se conduziu um bêbado, nunca houve uma briga, nunca houve reclamação contra o patrimônio e a ordem. Todo mundo é livre e responsável, regidos pelo amor. Todo ano ouço novos relatos da infinitude de histórias. Sinto também a falta de alguns. Procuro professores, cada vez mais, minguando. Celebro toda a vida pungente, mas sinto a alma doer e o espírito causar pêsames quando são relembrados os que se foram… Choro muito com as alegrias e tristezas que essas emoções saudosas me fazem lembrar… O domingo é dia também de ancorar nas músicas. Como sou muito movido por essa arte, lembro fascinado os grandes sucessos relembrados pela banda Estação da Luz, as danças em grupo, as improvisações, a piração naquele espaço junto ao palco. A deliciosa dança que se faz junto às mesas, na nossa proximidade de íntimos colegas… E, nesse ano, de forma inédita, tascamos um violão íntimo, ao final de tudo, depois da banda, cantando o tributo a Erasmo e muitas outras canções do coração… gostoso pra cara…mba.

Quanta história está registrada nos anais da vida! Quantas cenas com os mais variados enredos cada amigo reserva, dentro daquele espaço indescritível, chamado Atheneu! 152 anos de história, fazendo jus ao feliz slogan da festa desse ano: Do Atheneu para o Mundo! Penso que cada emoção no Atheneu viaja para o infinito, onde um dia, talvez as vejamos de novo todas – quem sabe é Deus. Para essa 22ª festa, é necessário destacar o papel grandioso, generoso, competente, do (nosso) atual diretor do Atheneu, o prof. Daniel Lemos, presente lá na festa, com a sua modesta e feliz cara de aluno, misturado conosco todo o tempo. Vai ser gente boa assim no céu, rapá! Ainda cito o privilégio e a honra que me cairam do céu, acima dos meus méritos, que foi poder colaborar com a organização da festa ao lado de Quintino, Arnaldo, Lúcia, Angélica, Salete, Tirzah e a jornalista Tifanny (entre outros ainda, que ajudaram nas incontáveis demandas). A banda, organizada por Waguinho e Raimundo, foi uma apoteose, como sempre. Nunca deixará de ser sucesso. O sempre lembrado Fernando com sua amada Andrelina, também construtores de tantas festas, hoje em terras lusitanas, foram regiamente lembrados, o que nos fez muito bem. Deus sabe mais do que eu daquilo que eu preciso, que eu desejo e o que me acontecerá. Nesse balaio, tenho uma certeza que Lhe converto em prece: viver o meu tempo de vida capaz de nunca faltar à festa dos ex-alunos do Atheneu, sejam quantos anos forem. Já é dia marcado no meu calendário anual. Namorada Tirzah, beijo. Você é demais. Minhas turmas, um demorado beijo estalado nocês. Continuamos com o grupo de WathsApp Do Atheneu para o Mundo, onde só se fala assuntos do Atheneu. Pra finalizar, minha mãe, 86 anos, fala assim: “ninguém ama esse Atheneu mais do que meu filho.” Amor de mãe nunca se engana, né? Feliz demais. Até breve. Rubens Cláudio 79″