No final dos anos 90, o ex-aluno do Atheneu Sergipense, João Quintino, teve um insight que se transformou em uma grande tradição celebrada há 25 anos.
Tudo começou quando ele precisou voltar ao Colégio Estadual para aplicar uma prova de concurso da Embrapa, onde trabalhava na época. Inspirado e instigado pelo sentimento saudosista da época de escola, decidiu fazer um levantamento para reencontrar todas as turmas das quais fez parte durante os sete anos em que estudou no Atheneu, entre 1968 e 1974.
“Esse período marcou profundamente a vida de todas as pessoas que tiveram o privilégio de estudar no Atheneu. Era uma era de ouro, vestir a farda do colégio era o sonho de muitos adolescentes”, contou Quintino.
Evento que se consagrou
A partir daí, nasceu a ideia de realizar um encontro entre esses ex-alunos — algo que se concretizou pela primeira vez em junho de 2000. Após várias reuniões de alinhamento, foi criada uma comissão responsável por tornar esse reencontro possível.
A pedagoga Rosângela Menezes de Oliveira estava presente quando tudo começou. Naquela época, foi ao lançamento do livro de um ex-colega, onde Quintino também estava. Ela narra que, quando ele conversou com ela, disse que tinha um presente.
“Era um aramado feito com muito carinho, com as listas das turmas do Atheneu, da época que estudamos juntos. Ele havia feito esse levantamento no arquivo do colégio. Eu fiquei surpresa, emocionada e ele externou a intenção de realizar o nosso reencontro. Eu apoiei de imediato e aí pensamos em entrar em contato com os que tivessem possibilidade. E assim os contatos foram acontecendo e o número do grupo aumentando. Todo ano esse momento é uma festa de alegria e emoção.”
A primeira comemoração reuniu cerca de 80 pessoas, entre professores e ex-alunos. De acordo com Quintino, foi um retorno à magia da adolescência.
“Não consigo descrever ao certo, mas foi um misto de emoções, um retorno a essa magia que circunda fatos da nossa adolescência.”
Devido à grande repercussão e ao entusiasmo gerado, um segundo encontro aconteceu já em dezembro do mesmo ano, reunindo quase o dobro de participantes.
Desde então, os ex-alunos transformaram a festa em uma tradição carregada de saudade e afeto, aguardando com o coração acelerado, há 25 anos, o tão esperado primeiro sábado de dezembro.
Presenças que emocionam

A dentista Rosângela Maria Gonçalves Feitosa é uma das pessoas que coleciona uma história emocionante com a comemoração. Ela precisou se ausentar do encontro durante dois anos, por conta de um tratamento contra o câncer de mama.
“Só deixei de participar durante dois anos, pois estive doente (câncer de mama). Mas não deixei de participar das que faltei fisicamente, porque energeticamente estava lá. E procurava saber como foi, quem estava, quais as ‘surpresas’”, disse.
Ela conta ainda que seus irmãos também marcaram presença nos eventos, em especial seu irmão Leto, que faleceu em 2022.
“Meus irmãos também participavam, principalmente meu mano Leto, que aguardava ansiosamente pelo encontro dos ex-alunos do Atheneu… Mas desde 2023 que ele não pode mais participar, porque faleceu em 28/12/22 (ano em que ele aproveitou bem a festa).”
Do aluno ao professor

O corretor de imóveis Nerivaldo Barbosa também viveu intensamente a trajetória no Atheneu. Ao fim do último ano no colégio, já expressava o desejo de reencontrar os amigos que marcaram sua vida. Ele se orgulha da formação recebida e acabou voltando à escola como professor de Química.
“Quando a gente saiu no terceiro ano, nós conversávamos em fazer um reencontro atual, porque foram feitas grandes amizades no Atheneu. Eu tenho sempre participado das festas, fui na última e pretendo ir na comemoração dos 25 anos. Os anos no Atheneu foram realmente marcantes na minha vida. Nos orgulhamos de ter sido alunos da instituição.”
A ligação de Nerivaldo com a escola se intensificou após concluir o curso técnico de Química. A oportunidade de voltar surgiu por meio da professora Maria da Glória Monteiro.
“Eu fazia o curso de técnico em Química e era aluno de Maria da Glória. Sabendo que eu havia finalizado o curso, ela me contratou pela Secretaria de Educação e me colocou no Atheneu para que eu pudesse montar o laboratório de Química do colégio. Dessa forma, também acabei me tornando professor do laboratório de Química do Atheneu.”
Muito além das paredes da escola: o Atheneu que vive na memória e no coração de seus ex-alunos
Mais do que uma simples confraternização anual, o Encontro dos Ex-Alunos do Atheneu Sergipense se tornou um ritual de memória, afeto e pertencimento. Cada abraço apertado, cada história recontada, cada olhar emocionado carrega o peso e a leveza de uma época em que os corredores da escola foram palco de sonhos, amizades e descobertas.
Há 25 anos, o primeiro sábado de dezembro passou a ser mais do que uma data — tornou-se um reencontro com o passado, um reencontro com quem se é. E assim, o Atheneu continua vivo: não apenas nas paredes da escola, mas no coração de cada ex-aluno que mantém acesa essa chama de pertencimento, amor e história.
