Em 2018, as turmas que ingressaram no Colégio Estadual de Sergipe em 1968 completam 50 anos do sonho de estudar na escola que era na época, a maior referência do ensino público em Sergipe. Entretanto, para realizar esse sonho era preciso passar pelo exame de admissão, que exigia de cada candidato extremo empenho e dedicação.

Realizado por uma comissão de professores com a finalidade de avaliar os conhecimentos dos alunos em Português, Matemática, Geografia e História o exame que era padrão para seleção de alunos ao ensino secundário nas escolas públicas e que foi instituído em nível nacional em 1931 – Decreto nº 19.890 de 18/04/31 – vigorou até a promulgação da lei nº 5692/71 em 1971, determinava quem faria parte das turmas seguintes do ano letivo do colégio. Em 1968 especificamente, três alunas se destacaram no exame: Marli Lobão Menezes – aprovada em 1º lugar; Maria de Fátima Mesquita Medeiros – 2º lugar e Andrelina de Oliveira Quaranta – 3º lugar.

O rigor desses testes é lembrado com orgulho por aqueles que passaram pelas provas e conseguiram estudar no Atheneu. Uma pesquisa realizada pelo ex-aluno João Quintino de Moura Filho, também inciante em 68, revelou que naquele ano 382 estudantes participaram do exame, porém apenas 35% desse total conseguiu a aprovação na primeira época, visto que existia a segunda época do teste como uma repescagem para os estudantes que desejavam ingressar no Atheneu.

Maria de Fátima Mesquita Medeiros, descreve com riqueza de detalhes as etapas do teste e como era importante na vida dos estudantes. “Eu, ex-aluna do Educandário do Menino Jesus fui prestar o exame do Atheneu, éramos submetidos a testes como de Português que tinha caráter eliminatório, com parte gramatical e redação. Lembro que era uma sala enorme com um monte de crianças fazendo o exame, que era dividido por dias, no primeiro dia prova escrita, segundo dia prova oral com arguição acompanhada por uma professora de português, ali frente a frente a gente tinha que ler e escrever algumas palavras ditadas”.

As provas eram rigorosamente elaboradas por professores específicos de cada disciplina, sendo a de português compostas por duas etapas: a escrita e a oral, como afirma o professor Pedro Amado, membro da banca examinadora em 1968. “Já com a prova escrita de português se tinha uma noção de quem seriam os melhores, quem não fizesse a média nela era desclassificado. Nosso objetivo era selecionar os melhores para estudarem no Atheneu, como um concurso se elegia uma comissão para elaboração e montagem das provas, no dia da aplicação essa comissão formava uma banca examinadora que acompanhava as provas escritas e orais. O exame em si fazia parte de um momento muito importante e decisório na vida daqueles estudantes e de suas famílias, quem não passava, infelizmente não estudava a série seguinte. Por isso, todos queriam celebrar junto as sua famílias a conquista de ser aluno do Atheneu Sergipense, de vestir a farda e os pais terem a certeza de que seus filhos estariam estudando em um colégio referência”, destacou.

Após aprovados os alunos ainda eram submetidos a exames médicos realizados no antigo Palácio Serigy, na época Secretaria Estadual de Saúde, como conta o ex-aluno Arnaldo Mendonça. “Nós íamos até o palácio que ficava localizado na praça General Valadão mais conhecida como praça do ‘Photo oiti’, local onde os alunos tiravam as fotos 3/4, lá fazíamos o exame de Abreugrafia, que nada mais era nos dias de hoje, uma radiografia do pulmão. O médico dava um atestado que era obrigatório levar junto com os documentos pessoais para efetuar a matrícula”, pontuou.

Andrelina de Oliveira Quaranta, atribui à cobrança dos pais o seu bom desempenho no exame. “Eu era muito cobrada em casa, meus pais já eram professores no colégio, por isso eu tinha que estudar para passar, não havia outra opção. Lembro que era muita gente para fazer o exame, estudantes de todo lugar no estado, a grande realização da época era conseguir ser aluno do Atheneu”, recorda.

Confira abaixo a lista completa dos estudantes que ingressaram no Atheneu Sergipense em 1968: